Alguns de nosso trabalhos.
A exposição destaca a convergência entre as criações de Gross e a arquitetura visionária de Lina Bo Bardi, oferecendo aos visitantes uma imersão nas obras da artista. Sem aderir a rótulos ou convenções, a narrativa visual apresentada por Carmela Gross desafia expectativas e convida os espectadores a explorar novas perspectivas.
A mostra reúne 13 obras, exibidas em grande escala, como a instalação “RODA GIGANTE” (2019), “ESCADAS VERMELHAS” (2012/2024), “O FOTÓGRAFO” (2001), “UMA CASA” (2007),” LUZ DEL FUEGO” (2018/2024), “FIGURANTES” (2016), “BANDO” (2016/2024), “ROUGE” (2018), “A NEGRA VERMELHA” (1997/2024), “BANDEIRA PIVÔ” (2024).
Ana Teixeira, Claudia Vásquez Gómez, Iara Freiberg, Josué Mattos, Kika Nicolela, Nezaket Ekici, Nobuhiro Ishihara, Renata Padovan, Thenjiwe Niki Nkosi, Tristan Trémeau. Encontros que marcaram trajetos e processos de formação definem o projeto VAIVÉM, que se configura como um espaço de produção, onde artistas e críticos de arte sugerem, durante um mês, convivências até então improváveis. Nesse lugar, o que dá o tom é a experiência de contaminar o universo hermético em que, não raro, a subjetividade é envolvida. No encontro de um artista residente no Japão e outro no Chile, de um pesquisador francês e uma artista brasileira, mas também nos desencontros, causados por uma série de fatores que distanciam cada qual, está o interesse do projeto, que resultará em uma exposição ao final do período de 3 semanas de residência. Uma série de atividades com os participantes e convidados tratará de questões relacionadas ao deslocamento como forma de efetivar um modo legítimo de produção simbólica. A documentação e o registro do projeto serão veiculados* em um blog exclusivo, ferramenta de mediação e partilha com o público, que poderá acompanhar o andamento do projeto, criando assim uma plataforma estendida para o debate sobre residências artísticas e procedimentos de trabalho de artistas e pesquisadores de arte. Com essas ferramentas, que constituem as peças de um jogo, os artistas e críticos de arte sugerem a residência como correspondência (no sentido aeroportuário do termo), o que restitui ideias segundo as quais o nomadismo que qualifica nossa sociedade atual não é necessariamente sinônimo de experiência de deslocamento. No âmbito da arte atual, deslocar-se pode ser, também, encontrar o que de imperceptível há no lugar-comum.
Exposição / Exhibition
Patrocínio e Realização / Sponsorship and Presentation Centro Cultural Banco do Brasil
Curadoria / Curators Nessia Leonzini Paulo Herkenhoff
Produção Executiva / Executive Production Prata Produções
Coordenação / Coordination Valeria Prata
Produção / Production Angela Magdalena
Assistente de produção / Production Assistant Roberta Prata
Projeto museográfico / Museographic Project Gustavo Moura
Projeto gráfico / Graphic Project Amália Giacomini Marcus Handofsky
Assessoria de Imprensa / Press Meise Halabi
Brasil: desFocos [o olho de fora] Brasil: desFocos não é o fora de foco, mas desestabiliza o olhar nacionalista. São artistas que vindo ao país, usaram a fotografia para problematizar o Brasil. Oscar Niemeyer é homenageado com a interpretação de sua arquitetura (Todd Eberle, Candida Höfer, Luisa Lambri, Robert Polidori e Christopher Williams). A paisagem do Centro Oeste está na vista espetacular de 360 graus por Clifford Ross e no Tropicalounge de Sergio Vega. Os temas sociais são adversidade e exclusão (Lara Almarcegui, Sharon Lockhart e Damián Ortega) e diversidade espiritual, como o candomblé (Matthew Barney, David Byrne e Adam Fuss). O tempo plural da cultura está nos ritos ancestrais e na moderna arquitetura. A fotografia é crítica da cultura para Lothar Baumgarten, Thomas Struth e Höfer, que fotografou bibliotecas e o barroco, Sally Gall interpreta o Jardim Botânico do Rio de Janeiro fora do determinismo natural. A viagem é processo de trocas para Laurie Anderson, Max Becher e Andrea Robbins, Anselm Kiefer e Kenny Scharf. Já Tseng Kwong Chi, Jack Pierson, Julião Sarmento, Laurie Simmons e Bruce Weber lidam com a economia simbólica do turismo. Ralph Gibson faz uma rapsódia do Brasil. O Pelé de Andy Warhol parece goleiro. Steve Miller cria a fusão entre bola e jogador de futebol. Porque operam no campo imaginário, os artistas recusam a posição de Susan Sontag de que a fotografia retrata realidades já existentes. Marina Abramovic distingue o turista do artista ao se deitar frente a uma pilha de cristais: Esperando uma idéia. Sua subjetividade está à disposição de relações fenomenológicas com o meio. Ser artista é deter a consciência privilegiada na sublimação do mundo. A mostra não promete certezas, mas experimenta sentidos. O olhar é solidário, espantado, utopista, edênico, turístico, maluco, idealizado, romântico, assincrônico, dialético, mutante, infernal ou abjeto, mas nunca indiferente. Clarice Lispector dizia que a vontade de pertencer é que a fazia brasileira. Este pertencer faz o Brasil. Essas obras hoje compõem o imaginário deste pertencer.
JOSÉ DE QUADROS sobreviver
SESC/SP Pompéia 7 de outubro a 19 de dezembro de 2010
Curadoria Tereza de Arruda
Produção Executiva Prata Produções – Valeria Prata Assistente Fabia Feixas
Produção Guilherme Leite Cunha e Sandra Leibovici
Projeto Expográfico Ana Paula Pontes
Projeto Gráfico Imageriaestúdio – Celso Longo
Projeto Educativo Ana Lucia Garbin e Vera Barros
Montagem das obras Selo Arte
Revisão de Textos Regina Stoklen
José De Quadros sobreVIVER
A produção de José De Quadros iniciou-se por um percurso autodidata ainda no Brasil. Um longo caminho levou-o à Alemanha, onde ingressou na Faculdade de Artes Plásticas de Kassel, formando-se em 1998, com especialização em pintura. Ambas as cidades onde vive, São Paulo e Kassel, sediam duas das mais importantes exposições de artes plásticas – a Bienal de São Paulo e a Documenta de Kassel. Frequentador assíduo desses contextos, José De Quadros sempre saciou nestas fontes sua sede, através do olhar curioso e da aguda sensibilidade. Nesse contexto, foi assistente de Anselm Kiefer, Cildo Meireles e Tunga, entre outros. Por viver em São Paulo e em Kassel, José De Quadros visualiza ambos os contextos tanto como protagonista atuante quanto como observador distante, percorrendo diversas camadas de vivência e de observação crítica social e pessoal. Esta experiência é transposta para sua pintura. Incansáveis camadas de tinta a óleo aplicadas sobre as telas defendem explicitamente uma dupla tendência: velar e revelar relatos históricos e pessoais aí encravados. O desenho faz-se sempre presente através de contornos sutis, transpostos para a superfície pastosa e intensa da tela. As representações são espaçadas e bem definidas, graças à força dos traços individuais a atuar como cicatrizes, testemunhas de um passado remoto ou até mesmo recente. O desenho sobre papel também é um elemento presente na produção recente de José De Quadros. Uma casualidade colocou em suas mãos relíquias da história alemã – exemplares originais dos jornais Völkischer Beobachter, Hessische Post, entre outros, datados de 1931 a 1948. Neles encontra-se todo o relato da ascensão e queda do sistema nazista narrado por fontes locais, em tempo real, e por testemunhas oculares dos acontecimentos. Os originais desses jornais passam a ser suporte de uma série inédita de desenhos de insetos e vegetais extraídos principalmente de material didático escolar alemão, editado entre 1910 e 1960; além de materiais de imprensa, antigos e atuais. Independentemente de todo o entorno que compõe uma carreira artística, há somente um local intacto, no qual se encontram todas as verdades, incertezas, ideias e motivação do processo de criação – o ateliê. Por isso, o ateliê de José De Quadros assume, em diversos momentos, a figura central de sua produção. Esta mostra é concebida em diversos núcleos de séries distintas obedecendo a certa cronologia aqui exposta: Hannah Arendt, Fênix, Jogos de Armar, Kassel Atelier, Atelier São Paulo e Melancolia.
Tereza de Arruda Curadora
As alterações políticas, sociais e científicas do mundo atual produzem atualizações ou atualização relacional naquilo que denominamos de cultura. Estando em um ritmo acelerado com as novas tecnologias de informação e de comunicação, a sociedade passa por um choque continuo de aprendizado. A era atual, remotamente denominada de neobarroca por alguns autores, é muito mais neorrenascentista dada à sua capacidade de expansão dos novos modelos de operação e de consciência. A partir de conceitos de hibridização, de miscigenação, de convergências e confluências de ideias acessivel à todos - a tal biblioteca aberta nas palavras de Gilles Deleuze -, vivemos num mundo constantemente atualizado. Hegel já previra nos termos de Zeitgeist, o espírito do tempo cujo motor será sempre a história. O tempo não para, mas todavia perdeu a sua importância na emergência em que vivemos. A cibercultura preconizada por Pierre Lévy pensa a engenharia do laço social para construir árvores do conhecimento. Estas árvores, abertas e democraticamente acessíveis à todos graças às tecnologias existentes, é a sua mais valia. Um dos autores fulcrais para a compreensão do século XX – bem como deste que está começando - Michel Maffesoli indica-nos a chave para a passagem do portal do nosso tempo. O título A Contemplação do mundo, livro profético de Maffesoli, foi tomado como farol para a discussão nesta Paralela 10. Maffesoli propõe que “o sonho e o pensamento estão estreitamente ligados, sobretudo nos momentos em que as sociedades sonham-se a si mesmas. É importante, pois, saber acompanhar esses sonhos, tanto mais que sua negação é, em geral, uma constante de todas as ditaduras. Estas não possuem mais a face brutal que foi a sua, durante toda a modernidade. Elas tomam o aspecto aprazível e bastante asséptico da felicidade tarifada ao menor preço. A ditadura contemporânea não consiste mais no fato, salvo exceções notáveis, de indivíduos sanguinários e cruéis, ela é anónima, doce, dissimulada. Ela é, sobretudo, não- consciente do que é, ou do que faz, e se empenha, em total boa fé, em promover o sacrossanto princípio de realidade utilitarista. E desse modo extirpa, de fato, a faculdade onírica. Neste sentido, ela exprime senão uma constante da história humana: os poderes dormem em paz, enquanto ninguém pode mais, não sabe mais ou não mais ousa sonhar”.
PAULO REIS Curador
Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB 21 de abril a 21 de junho de 2009
Curadoria | Curator Katia Canton
Coordenação | Coordination Prata Produções
Produção | Production Fábia Feixas
Assistente de produção | Production Assistant Rafael Pieroni
Projeto museográfico | Museographic Project Alvaro Razuk e Katia Canton Assistente – Carolina Schneider
Projeto gráfico | Graphic Project Noris Lima Assistente – Giovanna Angerami
Assessoria de Imprensa | Press Sofia Carvalhosa Comuncações
Tradução | English Version Izabel Burbridge
Revisão de textos | Proofreading Regina Stocklen
Quem não sabe o que são os contos de fadas? Eis um tema que parece unir as mais diferentes pessoas, crianças e adultos. Só que, ao contrário do que possa parecer, poucos conhecem de fato suas origens e desenvolvimentos históricos. Na verdade, os contos de fadas são textos literários, relativamente recentes – eles começam a ser publicados no século XVII – que por sua vez se originam dos contos populares de magia, vindos da tradição oral. Esses últimos, sim, são muito, muito antigos e provavelmente surgem junto com a própria vida humana, iniciando um complexo processo de civilização. A imagem de pessoas reunidas em volta do fogo, contando histórias, espelha uma tradição muito importante, sobretudo ligada aos camponeses que, contando histórias, expressavam seus desejos de obter uma vida melhor. De fato, a realidade de certas classes nas sociedades pré-capitalistas era provavelmente tão difícil e brutal que, ao menos nos contos, camponeses podiam se transformar em príncipes e princesas, com a ajuda mágica de uma fada, e quem sabe até viver felizes para sempre. Justamente no final do século XVII, quando a invenção da prensa de tipos móveis de Gutenberg já havia sido difundida e a corte francesa, sob a sociedade barroca do rei Luis XIV, comandava a cultura europeia, surgia o conto de fadas como gênero literário. Naquele momento, acontecia um verdadeiro modismo, em que as classes dominantes ouviam as histórias contadas pelo povo e as transformavam, adequando-as a uma linguagem literária e às necessidades civilizatórias da época, tendo agora como alvo a educação das crianças. Do mesmo modo como os contos orais mudam constantemente por meio de narrações sucessivas – quem conta um conto aumenta um ponto – os contos de fadas literários são expressos de maneiras diferentes, conforme condições sócio-históricas, culturais e estéticas diferentes. Pensando nessa relação entre tradição e transformação, resolvemos criar uma exposição que homenageia grandes autores de contos de fadas – o francês Charles Perrault, os alemães irmãos Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen – além de apresentar imagens de outros contos populares de tradições muito influentes para a constituição dessas histórias. Eles são contos africanos, árabes, japoneses, italianos e russos. Para isso, convidamos artistas-ilustradores que criaram e recriaram novas versões dessas narrativas, seguindo um fluxo que caracteriza a própria essência e razão de existência dessas histórias. Um ótima jornada rumo às histórias e suas imagens!
Katia Canton Curadora